9.12.08

resposta: é pois! (ao meu filho anjo)

Pequeno poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...


Sebastião da Gama

9.11.08

a pergunta que se impõe...

é uma doença súbita grave e crónica de um filho motivo suficiente para se encerrar (de vez) um blog? pensem comigo...

1.8.08

sec.XIX



post dedicado




a um casal de passagem por Lisboa...
espero que tenhas gostado P.



pois é para que saibam

"(...) Algo funciona mal, e para mim é, principalmente, que hoje em dia as pessoas não param nunca ou realmente não o sabem fazer, nem sequer aos fins de semana, cada vez mais ocupados por actividades lúdicas que mais parecem obrigações: há que divertir-se a todo o custo, e tem de ser em qualquer lado, na rua, como se se tivessem esquecido que também nos podemos divertir muitíssimo em casa, lendo, vendo filmes, de qualquer forma sem que tenhamos de ficar esgotados com o divertimento. E dos que são pais, nem se fala: depois de se esgotarem durante cinco dias, voltam a esgotar-se nos dois restantes tentando distraír as suas crianças, procurando que não se entediem nem um minuto, porque isso, o suposto tédio (verdadeiramente o que mais agudiza a imaginação) converteu-se num dos pecados mais imperdoáveis da nossa sociedade. Logo, os pobres progenitores correm de aqui para ali, escravizados pelos seus filhos: sim, um parque de diversões, uma excursão, um desfile, um espectáculo de magia, um aniversário sempre multitudinário, o que descobrirem ou o que lhes exijam os pequenos tiranos mal acostumados.(...)"
Javier Marías
(in El País, numa tradução mais ou menos livre...)

31.7.08

sec.XIX

Renoir (1841-1919)

frase para todos os dias

"...tens de perceber de uma vez por todas que aí dentro és livre. não podes estar sempre a arranjar gaiolas para te meteres lá e depois achares que estás presa. a porta na realidade está só encostada. se quiseres empurras e sais!"
(por um novo amigo)

30.7.08

rescaldo férias (II)








El Antic Bocoi del Gotic

Hnos Sabater

29.7.08

rescaldo férias (I)

uma viagem demorada. uma queridíssima irmã (de noite) à espera. um mar mediterrâneo fabuloso e amigo reencontrado. uma cidade fascinante. um carro com o motor para deitar ao lixo. um seguro no país natal a funcionar muitíssimo bem(!!!). um telemóvel perdido. um computador avariado. um jantar sem igual num restaurante inesquecível. um cunhado carinhoso e (já) cheio de cabelos brancos mas que vai ser avô mais uma vez. cheiros que se reconhecem. uma sobrinha a aprender a conduzir. um filho que anda de comboio pela primeira vez. uma rede de metro que realmente funciona. umas ramblas em "procissão" constante de milhões de pessoas. uma mudança radical de vida à conta de mudança profissional do peixe cá de casa. ansiedade. um pai a 300%. patatas bravas. chipirones. sol. chuva e sol logo outra vez. 70% humidade no ar. café com gelo. livros. praia até às 21h (com os intervalos devidos). gelados em forma de esparguete. um esquilo (verdadeiro) nas montanhas. um sobrinho emprestado que nasce com muita dificuldade lá longe e deixa a mãe bastante debilitada (ainda há médicos a fazer partos à século XIV...). que sejas bem-vindo meu querido M.! aflição, era preciso um abraço, urgente... um rent-a-car aborrecido. uma entorse num pé. rever Gaudí, Miró e outros (des)conhecidos. dez dias sem computador, sem televisão, sem noticiários, sem blog, sem media, de propósito. sabonetes artesanais. recordações incas. sul americanos a invadir a europa, é a chamada "lei do retorno"...compras a pedido. uma lição sobre presunto ibérico. um museu romântico com visita guiada pelo séc.XIX - Can LLopis para sempre em memória visual e a revisitar! algumas dezenas de banhos de mar. algumas dezenas de fotos. um regresso antecipado. um carro que chega depois de nós. postais escritos à mão e enviados pelo correio tradicional aos amigos. mimos. muitas novidades lá e cá. tudo a acontecer (demasiado?) depressa. fuets. um tio querido que nos deixa aos 83. lágrimas. reencontros. sorrisos. vidas postas em dia com a vida, com a morte. sonhos. pesadelos. sentir.
enfim, umas férias intensas e intensivas que como se vê se contam em duas palavras...

11.7.08

sec.XIX

Tissot (1836-1902)

sol

com a vossa licença este esquilo vai até outras paragens para deleite do espírito, do corpo, da mente, do coração e do paladar...até já!

10.7.08

pois é para que saibam...

"George Bernard Shaw, o talentoso dramaturgo irlandês que foi o único escritor até hoje galardoado com o Prémio Nobel da Literatura e com um Óscar da Academia de Hollywood (pelo argumento do filme Pigmalião, baseado numa popular peça sua), era um temível polemista, que nunca virava a cara a uma boa refrega política, ideológica ou cultural. Um dos seus alvos de estimação, vá-se lá saber porquê, era Winston Churchill. Um dia, dirigiu-lhe por telegrama um convite para uma estreia. “Tenho a honra de convidá-lo para a estreia de Pigmalião. Venha e traga um amigo, se tiver algum.”
É uma demonstração cabal daquilo a que chamamos “humor britânico”. Estamos ainda a anos-luz desta ironia fina que costumamos substituir pelo sarcasmo mais grosseiro. Próprio de latinos, dirão alguns. Próprio de um povo com défice de educação, digo eu."

Pedro Correia

via "Corta-Fitas"

hoje

avista-se um terraço verde. dois melros namoram-se entre as margaridas dos canteiros...ou melhor ele tenta. insiste. ela hesita...é uma "dança" complicada que dura já há cerca de um bom quarto de hora. de vez em quando ela abeira-se da extremidade e ele segue-a ainda mais saltitante e ansioso.
(é por isto que tenho a certeza que se me dessem a escolher uma só condição de trabalho, escolheria a luz natural, uma qualquer janela...)
definitivamente a fêmea abre as asas e vai-se, segura de si. dá-me ideia que é a "típica gaja (perdão) assumida" dos tempos actuais e parece ter sido peremptória: "I'm a strong and independent woman!". um desperdício. deve ter andado a ver os programas da Oprah...e depois dá nisto...

antecipação

...a contar as horas...

9.7.08

sec.XIX

Winterhalter (1805-1873)

about love (III)

"O amor pede identidade com diferença, o que é impossível já na lógica, quanto mais no mundo. O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que se torna seu e não é. Amar é entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor. Mas a entrega total entrega também a consciência do outro. O amor maior é por isso a morte, ou o esquecimento, ou a renúncia - os amores todos que são os absurdiandos do amor. (...) O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou já diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente? O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada. "


Fernando Pessoa, in 'O Rio da Posse'

about love (II)

"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher, o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar. O trono exalta e o altar santifica. O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita. O homem é o génio; a mulher é o anjo. O génio é imensurável; o anjo é indefenível; A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude, a divindade. O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito. O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas. A razão convence e as lágrimas comovem. O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece e o martírio purifica. O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu. "

Victor Hugo

about love (I)

"O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há-de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há-de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo; amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam é agradecido. quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino. "

Padre António Vieira, in "Sermões"

8.7.08

saudades

Lá em cima há planícies sem fim
Há estrelas que parecem correr
Há o Sol e o dia a nascer
E nós aqui sem parar numa Terra a girar
Lá em cima há um céu de cetim
Há cometas, há planetas sem fim
Galileu teve um sonho assim
Há uma nave no espaço a subir passo a passo
Lá em cima pode ser o futuro
Alegria, vamos saltar o Mundo
E a rir, unidos num abraço
Vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço
lalalalalala
Lá em cima já não há sentinelas
Sinfonia toda feita em estrelas
Uma casa sem portas nem janelas
É estender um braço e tu estás no Espaço!

Vicky Cristina Barcelona (2008)

Next...

os gostos também se discutem

Physalis

fazer questão

The Closer

A few good men

Apollo 13



há que dar os parabéns a este senhor que faz hoje 50 anos. gosto deste casal...e de algumas coisas que já fizeram no grande e pequeno écran.
Kevin Bacon e Kya Sedgwick

7.7.08

sec.XIX

Chagall (1887-1985)
Tecto Ópera Paris

entre o perfeccionismo e a paranoia

todos os anos a uma semana de ir de férias, mais coisa, menos coisa, apodera-se de mim uma infernal azáfama que abrange desde listas relactivamente extensas do que levar, a uma corrida desenfreada à farmácia para comprar tudo o que possa prevenir contratempos de saúde, passando por idas à esteticista e amiga de sempre encher-me de protectores fiáveis e after-sun eficaz.
este esquilo fica verdadeiramente possuído. ele é que livros levar, ele é que roupas para crianças e adultos, ele é toalhas de praia arejadas e sacos onde caiba tudo quanto é preciso (quem tem filhos pequenos sabe do que falo...). chego mesmo a achar que é uma doença sazonal que me ataca sistematicamente, não sei se devido ao facto de ir para bastante longe e ter medo que me falte alguma coisa (para mim sempre indispensável!) ou se é apenas o meu lado paranóico a vir ao de cima já que até vou para uma casa de família, que embora de férias tem basicamente de tudo e não se encontra propriamente no meio da selva nem do deserto...
Não restam dúvidas sobre certos traços da personalidade dos esquilos...infelizmente!

da elegância


Vogue italiana Junho 2008


(via)


Hummm!

Mcflurry com M&Ms
(é que eu não gosto de gelados com excepção para os do Santini...)

rescaldo de fim-de-semana

- ao final da semana lavar crianças ao parque de diversões para andar em tudo quanto é carrocel, comer algodão doce e ouvir música "popular" aos berros requer uma grande dose de paciência e altruísmo, certo B. e C.? (A princesinha está o máximo!) Mas ao menos eles divertiram-se...e safou-se um jantar agradável numa esplanada bem conseguida.

- isto é uma vergonha total mas é a pura das verdades...só agora já (muito) trintona consegui pela primeira vez na vida ir a umas promoções (soa melhor do que saldos, não é?!) e vir satisfeita. Habitualmente não vou porque assumo a minha inaptidão para "balbúrdias"...Não foi o caso e graças a uma funcionária muito competente e a um marido muito útil nestas coisas as roupitas são jeitosas sim senhora!

- um livro há muito desejado...obrigada pai!

- um domingo de preguiça total com uma visita e um jantar inesperados! Saldo positivo a ajudar para uma semana que se adivinha complicada e de preparativos para férias...

4.7.08

e o que eu gosto de (algumas) flores!

Magnólia

Orquídea

Camélia
Tulipa
Narciso
Papoila
Peónia

Girassol
Brinco Princesa
de preferência em jardins e não em jarras...bom final de samana!

3.7.08

histórias com final feliz

os militares também são precisos...


"Las autoridades colombianas han explicado que la operación se ha logrado por la infiltración de una cuadrilla de guerrilleros que eran quienes coordinaban las acciones de secuestros en los últimos años. Por medio de manejos con los infiltrados en la guerrilla, se logró coordinar que unos helicópteros se dirigieran al sur del país, donde estaban los rehenes, para su traslado. Dichos helicópteros pertenecían al Ejército y estaban camuflados para no despertar sospechas.(...)
"Gracias al Ejército mío, de mi patria Colombia, gracias por la impecable operación (de rescate), la operación fue perfecta", ha declarado Betancourt, vestida con gorro y chaqueta militares, ante los medios en la base aérea del Catam, cerca de Bogotá."

in El País

sec.XIX

Waterman Wood (1823-1903)

amigos do peito

descobri quase por acaso que ontem o meu avô paterno faria anos, se fosse vivo, claro. não sabia bem a sua data de nascimento. não tive o privilégio de o conhecer, o que muito me desgosta e sei poucas coisas sobre ele já que faleceu novo, deixando à minha avó o que deve ter sido um pesado fardo de cinco filhos para acabar de encaminhar, dos quais o meu pai, sendo o mais novo tinha apenas 16 anos...
a saudade e o carinho com que se fala dele junto com uma aguarela do seu rosto (pintada pelo meu pai, de memória) que toda a vida me acompanhou na parede da sala lá de casa, faz com que sinta saudades do que não vivi, do que não ouvi, do que não partilhei, do colo onde não me sentei...no entanto, há como que uma paz naquele olhar que sempre me reconfortou. um olhar límpido nuns olhos claros que não herdei nem senti...vive na mesma, comigo, numa perseverante ausência, sempre presente...

Per7ume - Intervalo (part especial de Rui Veloso)

2.7.08

há quem goste, que eu sei

Na sequência da conquista do tão almejado galardão, em 7 de Julho de 2007, como uma das “7 Maravilhas de Portugal”,
o Mosteiro de Alcobaça vai ser palco, no dia 6 de Julho de 2008, pelas 22h13, da MAIOR METAMORFOSE DE TODOS OS TEMPOS.

Luís de Matos foi a cara da campanha “O Truque é Votar” que levou o Mosteiro a ser considerado pelos portugueses
uma das “7 maravilhas nacionais”, e volta a Alcobaça para presentear a comunidade com um espectáculo nunca antes visto, com entrada livre.

O QUE FAZER NA TARDE DE DOMINGO?
Desde as 14h00 do dia 6 de Julho, a Praça do Mosteiro enche-se de actividades radicais como: escalada, slide, matraquilhos humanos,
fotopaper, (o prémio para o vencedor da prova é um fim-de-semana para duas pessoas num Hotel de *** ou **** estrelas),
animação de rua e musical, e ainda a possibilidade de conhecer o monumento através de visitas guiadas com figuras ilustres da Região,
durante todo o dia e de forma gratuita. O momento chave será centrado no espectáculo de grande envergadura
e mediatismo do mágico Luís de Matos.

(via)

choices

Parc Central de Poublenou, Barcelona
Em ambas as metades (que estão separadas por uma nova avenida criada pelo autor do parque) existe um elemento comum: uma reinterpretação das formas de Antoni Gaudi. Em plena cidade mediterrânica, berço das maiores obras do famoso arquitecto, onde se situa o famoso Parc Güel, Jean Nouvel elegeu este motivo como o elemento principal da sua concepção espacial, e o resultado é um novo e surpreendente parque "modernista-naturalista" contemporâneo!

ainda os hoteis mais românticos do mundo

L'Andana, Maremma, Italia

O que faz de um quarto de hotel um lugar inesquecível?

Nada mais fácil. É só seguir os cinco sentidos normalmente por esta ordem:

1. Olfacto (inclui amenities, aromas, limpeza, flores frescas...)

2.Visão (inclui limpeza, luz, espaço, decoração, lay-out, paisagem, cores, enquadramento...)

3.Tacto (inclui tecidos, conforto, materiais, detalhes disponiblizados...)

4.Ouvido (inclui simpatia, tons de voz e de música, insonorização...)

5.Paladar (welcome details, fruta, doces, qualidade do pequeno almoço...)

Parece fácil mas na realidade é complexo. A simplicidade rigorosa e eficaz é sempre o mais difícil de atingir. Felizmente, na vida tudo é passível de aprendizagem que misturada com vocação permite que existam lugares...perfeitos!

1.7.08

da elegância

Olivia de Havilland (in Gone with the Wind) born 01/07/1916

(des)considerações

quando nos ultrapassam pela esquerda, temos de aceitar e compreender. é legítimo e fica-nos bem. quando é pela direita existe um direito/dever chamado "então, que é lá isso?!!!" e que pode chegar à chamada exasperação...
há verdadeiros "viveiros" de gente que não sabe conduzir e eu cá, estou convencida que não há carta nem postal nem mail que lhes valha!

human nature

conheço razoavelmente bem o meu país. através de um pai nascido em Alcobaça (quase) nómada e ávido de mudança nasci em Coimbra e lá passava os Natais na minha infância. vivi em Mira de Aire, passei férias em S. Martinho do Porto, alternadamente com a Consolação, fui a termas ao Gerês durante muitos anos (levava-se um dia inteiro para lá chegar, meu Deus) e no carnaval "fugia-se" para a Serra da Estrela.

ia-se comprar Brisas do Lis a Leiria porque se tinha vivido nos Marrazes e à Figueira da Foz visitar amigos ou a banhos a Buarcos. Ia-se a Monsaraz comer um bacalhau esplêndido com amêndoas que lá havia e dava-se um saltinho a Arraiolos para comprar tapetes. Na altura da feira do cavalo ia com um tio meu a Santarém que me fez apaixonar pelo jardim das Portas do Sol e pelos pampilhos (por tourada nunca conseguiu...). Havia onde por brincadeira se pisavam uvas em Caldas da Raínha sendo Óbidos paragem sempre obrigatória. chegámos a ter "casinha" alugada ao mês ao pé do Baleal quando o meu pai achou que a Consolação tinha sido "invadida" de "veraneantes". A gastronomia teve sempre um papel relevante dentro de portas e trazia-nos a mais valia das viagens ou porque eram precisos percebes da Nazaré ou porque havia saudades de comer uns ovos moles acabados de fazer, em Aveiro.


Ia-se a Constância admirar a beleza das "raízes" da família e demorava-se junto ao rio para apreciar devidamente um bom ensopado de enguias ou então passavam-se fins de semana relaxados na Arrábida de águas límpidas com a mira de ir também cheirar uns salmonetes a Setúbal ou Palmela, chegando mesmo a passar uns dia em Sesimbra. O peixe foi sempre obrigatório em grande quantidade e em Peniche chegámos a ir de noite esperar os barcos com a sardinha a saltar. Que vida aquela!!!

Depois, quando novos rumos nos trouxeram para Torres Vedras (cidade sem graça apesar do seu central Jardim da Graça mas donde é natural a família materna), ia-se à praia a Santa Cruz e à Ericeira comer gelados e marisco. a Sintra comprar travesseiros e queijadas (o pai gosta sem "casca") e demorávamos a apreciar a marginal sem faltarem mais à frente os pasteis de Belém onde me deslumbrava Lisboa, a sua luz e o Castelo onde casou uma das minhas irmãs. Enfim, nessa altura iam também buscar-se pequenos Moulinex (passo a publicidade mas de facto cresci rodeada deles...) a Sevilha e aproveitava-se para trazer caramelos de pinhão, um must para a minha mãe, o que nos fazia trazer igualmente barros de Elvas e vinho "carrascão" alentejano.

Fiz uma parte dos estudos no Porto e aproveitei para conhecer um pouco melhor a maravilha que é o Douro, a belíssima Régua e o Pinhão. De todo o país o que conheço pior são os extremos, Trás-os-Montes onde só fui uma vez (que me lembre) ver as amendoeiras em flor e o Algarve onde o meu pai dizia que "pagar para estar na fila para tudo" não era para ele. Mesmo assim cheguei a ir conhecer o interior mais propriamente Monchique onde também passámos umas férias num dado ano. Hoje em dia passo a vida em Cascais, onde trabalho e onde vou tomar café à Guia, um dos sítios por aqui que mais gosto.


Continuo, por (de)formação profissional e gosto a viajar, e já muito mais tarde conheci melhor Tomar, Vila Viçosa e até Évora pela qual tenho uma paixão que não se explica. Era isto para dizer, que gosto muito do nosso/meu país (e não "deste" país como se ouve constantemente...) mas nunca me senti portuguesa em regime de exclusividade. acho, acho não, tenho a certeza, que somos todos cidadãos do mundo e que o "nosso" sítio será sempre aquele onde nos sentirmos melhor e onde tivermos melhores condições para viver e com condições não me refiro só às (óbvias) monetárias. o meu amor por Portugal não se desvaneceu nem um pouco mas vai pesando em mim a sensação (muitíssimo forte outrora e que depois empalideceu um pouco) de que o meu sítio (já) não é aqui...


(...e dói!)

sec.XIX


Mary Cassatt (1844-1926)

bem vinda!!!

...nasceu um blog!

"rasga-se o céu e lá vou eu..." bloga muito minha querida!

30.6.08

da comédia humana...olé!

Ser decente es una lata. Implica creer en la dignidad del ser humano y todo eso. Hay cosas (explotar a un semejante, por ejemplo) que una persona honorable no puede permitirse. ¿Pero a quién no le apetece echar de cuando en cuando una cana al aire? Los padres de familia tradicionales (ejemplares, por lo general) tenían para desahogarse el burdel, donde azotaban el culo de las chicas o pedían a las chicas que azotaran el suyo. ¿Por qué no hay burdeles para que las personas virtuosas descansen de su ejemplaridad? Pues sí los hay: ahí está el Parlamento Europeo, donde llegas un día agobiado por las obligaciones morales características de un político honesto, y te puedes permitir el lujo de votar una jornada laboral de 60 horas semanales. Sesenta horas semanales de trabajo son una perversión, como practicar el sexo con correas y lavativas. Equivalen a 12 horas diarias, sin contar los desplazamientos. Porno duro, en fin. ¿Pero a quién no le apetece de vez en cuando despendolarse un poco? ¿Quién no alberga en el fondo de su alma fantasías sadomasoquistas? Pues ahí está el Parlamento Europeo para dar salida a todas estas necesidades. Pongamos que usted, pese a ser un individuo cabal, ha soñado en alguna ocasión con tener en un sótano a un niño, jugar con él durante equis meses y luego abandonarlo en cualquier país. Pues eso lo puede votar ahora mismo en el Parlamento Europeo. Y quien dice un niño dice un hombre hecho y derecho. Coger a un negro, qué maravilla, y encerrarlo una temporada por hambriento, para que aprenda, sin consecuencias de ninguna clase. El burdel es una institución absolutamente necesaria. Reconocer su existencia significa reconocer el lado oscuro del hombre. Si bien no tenemos nada contra sus clientes, nos gustan las personas que, como Borrell u Obiols, se niegan a utilizar sus servicios.

sec.XIX

Bouguereau (1825-1905)

rescaldo de fim-de-semana

- fui. (não) correu bem tal como eu esperava. o vazio absoluto é incomodativo e incontornável...
- uma festa bem gira de final de escola, da qual se guardam sobretudo trabalhos muito bonitos e elucidativos...as crianças pequenas sempre sabem o que fazem!
- uma sensação de querer muito questionar, a par destes pequenotes com ar de quem vai inventar a qualquer momento uma pergunta inadiável...

26.6.08

fugir

Imitation of Life (R.E.M.)

Charades, pop skill
Water hyacinth, named by a poet.
Imitation of life
Like a koi in a frozen pond
Like a goldfish in a bowl
I dont want to hear you cry

Thats sugarcane that tasted good
Thats cinnamon thats hollywood
Cmon cmon no one can see you try

You want the greatest thing
The greatest thing since bread came sliced.
Youve got it all, youve got it sized.
Like a friday fashion show teenager
Freezing in the corner
Trying to look like you dont try

Thats sugarcane that tasted good.
Thats cinnamon thats hollywood
Cmon cmon no one can see you try

No one can see you cry

Thats sugarcane that tasted good
Thats freezing rain thats what you could
Cmon cmon no one can see you cry

This sugarcane
This lemonade
This hurricane, Im not afraid.
Cmon cmon no one can see me cry
This lightning storm
This tidal wave
This avalanche, Im not afraid.
Cmon cmon no one can see me cry

Thats sugarcane that tasted good
Thats who you are, thats what you could
Cmon cmon no one can see you cry

eu e o meu mau feitio!

ouço-a impessoal no telemóvel através de uma mensagem que deixou. um convite. apesar de lhe reconhecer a voz, já mal recordo o seu rosto, outrora tão presente na minha vida. a nítida sensação de não lhe chegar...apesar de não estarmos muito longe. mas passaram quase três anos. não sou capaz de lhe dizer que praticamente já não sabe nada de mim. muitas vezes me lembro do tempo que passávamos juntas, em que trocávamos de roupa ou de ideias. em que estudávamos para os exames, em que partilhávamos tudo o que sabíamos. chegou o dia em que apenas enviamos mensagens de parabéns quando fazemos anos e no natal. e quando nos encontramos estranhamo-nos. eu sim. quando foi? porque foi? alguém me dizia que acontece muitas vezes quando aparecem os "afins" (palavra odiosa de uma certa forma). uma ideia que não compreendo e que recuso aceitar. a pouco e pouco abriram-se fendas na nossa intimidade e (suponho) apareceram outras pessoas mais presentes, de ambas as partes. deixámos de nos reconhecer nas ideias e nas conversas. mas apesar de tudo sinto a mesma alegria de saber que os verdadeiros amigos nunca se perdem. será?
(ainda não decidi se lá vou...)

25.6.08

24.6.08

os gostos também se discutem

Apricot/Damasco

23.6.08

sec.XIX

Santiago Rusiñol (1861-1931)

modernos são os clássicos

Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta

Fernando Pessoa

saudades

segunda-feira