as pessoas mentem por muitas e más razões. o amor à verdade é incompatível com o querermos disfarçar-nos, com a consciência dos nossos defeitos e fraquezas e não faz acordos com o egocentrismo nem com o egoísmo. a boa-fé, palavra totalmente em desuso (não por acaso) obedece a um esquema mental proibitivo para muitos.
da verdade à sinceridade vai alguma distância nem sempre bem entendida: devemos dizer tudo? não pode ser. falta-nos o tempo, e a decência e a doçura impedem-nos. sinceridade não é selvejaria. temos o direito a calar-nos e muitas vezes tem mesmo de ser. a boa-fé não proíbe o silêncio mas sim a mentira.
a verdade não obedece nem sequer à justiça, nem ao amor, não é serviçal a nada. não precisa de ser generosa, nem amável nem sequer aceitável para ser verdade. por isso é tão difícil de a venerar.
é aqui por exemplo que se inserem os factos. os factos não se discutem nem alteram, são o que são. não vale a pena discutir os factos (o que na realidade nos apraz amiúde fazer...!). vale a pena sim discutir opiniões, gostos, como é meu hábito dizer, e até teorias mas os factos não se discutem e pronto.
vem isto a propósito da minha total inaptidão para entender os mentirosos e os enganadores (agora presente numa história ao mesmo tempo longe mas próxima de mim). julgam-se livres mas não o são e normalmente traiem-se não mais que a si mesmos. dão-se demasiada importância e subestimam os demais o que, de resto, os leva a cair rapidamente (o tempo é uma coisa demasiado relativa) em "desgraça" junto dos que menos queriam e que tendem a não lhes perdoar...
é o espírito na figura da consciência que prefere a sinceridade à mentira. mas há quem viva imerso no seio da ironia e nunca chegue verdadeiramente a saber o que é a boa-fé!
a verdade é que é pena...
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