20.4.10

post de uma morte anunciada


era uma vez um pinheiro.
de seu nome manso, vivia em frente à nossa casa...
enorme, frondoso servia muitas vezes de referência a quem cá vinha pela primeira vez.
no Verão dava sombra aos carros, no Inverno dizia como estava o vento. ganhava mais vida ainda na Primavera quando os pardais lá pousavam em bandos a cantar desalmadamente.
de tronco grosso e imponente, não se deixava abraçar. era protegido por ser centenário e sobretudo dava alegria além do sabido oxigénio. fazia parte da nossa vida e dava nome a uma rua.
depois veio um mini tornado e de madrugada vimos a sua copa frondosa ocupar toda a estrada com a raíz principal a ser arrancada pela metade.
ainda houve esperança, vieram jardineiros, vieram técnicos, vieram engenheiros. esperou-se.
sábado passado acordámos com o som (deprimente) de moto-serras...
os meus filhos não se conformam e todos sentimos um aperto no peito ao vê-lo ali aos pedaços onde antes transmitia tanta vida. levem-no depressa que não o queremos continuar a ver cadáver como se lhe tivessem feito uma qualquer autópsia para não descobrir nada.
quando olhamos pela janela há um espaço vazio que não nos deixa apreciar convenientemente o azul do céu...
era uma vez um pinheiro, lindo...que agora vai ser outra coisa qualquer...

1 comentário:

Ricardo António Alves disse...

uma beleza, o seu post
triste e belo