2.6.10

nem sempre longe

demorava há dias a intenção de falar sobre a minha melhor amiga a quem comecei cedo a chamar mamã até ser consciente e remetê-la a seu verdadeiro nome: irmã. sendo que foi referência para mim do que deveria ter sido a (nossa) mãe verdadeira nas palavras e nas acções mais do que eu gostaria.
o convívio entre nós sempre foi pautado pelo carinho/amor inabalável sobretudo nos momentos menos bons de ambas as vidas. mas também e sempre nas vaidades e alegrias.
ainda não refeita da sua ida para viver lá longe (apesar da oportunidade para descobrir uma cidade absolutamente imperdível) todos os dias penso que daqui a nada virá bater à minha porta para me abraçar como só ela sabe e convidar para um café frugal. nada.
quando nos encontramos temos sempre presente a saudade no peito e a lágrima fácil que eu e apenas eu pretendo às vezes disfarçar. aí sim o tempo só se chama curto e ficam sempre mais de mil coisas por explicar. coisas do dia a dia que na ausência acabam por morrer.
neste momento está a voltar do outro lado do Atlântico para sua casa, não a minha, e isso ainda me cria o desconforto de a saber (duplamente) ausente.
é difícil adjectivar a história que temos de amizade que de tão verdadeira nem parece real. vai ao ponto do sofrimento físico chegar a ser partilhado, quais gémeas apenas de alma...
vivemos seguras no coração uma da outra (nem) sempre longe rendidas a horas intermináveis de telefone mas intrigadas pelos porquês de tal separação de vida que não nos perguntaram se queríamos.
viva o recomeço de cada dia que nos permite sempre acreditar que estaremos juntas outra vez nalgum momento, algures, cá ou lá mas sem sequer tocarmos nesse assunto, tão frágil.
e então o medo de perder o possível: a voz...

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