7.3.08

escrita em dia

"... Voltando ao tema: queixamo-nos do controlo, da devassa da intimidade nas fronteiras dos aeroportos, das câmaras de filmar nas estradas. Queixamo-nos de que somos controlados.Mas somos os mesmos que depois abrimos ainda mais a porta de casa a contar a vida em blogues, a deixar a marca da hora a que passamos por aqui, a trocar comentários que muitas vezes revelam intimidade, e cujo backup não sabemos onde fica, e que nos expomos nos Hi5 e Facebook's desta vida, e nos deixamos levar pelo entusiasmo de uma discussão acalorada ou mesmo, quantas vezes, o começo de uma paixão, e “falamos” no messenger como se mais ninguém pudesse “ouvir”.
Pedro Rolo Duarte

"Para responder à pergunta «porque é que os mais novos não lincam tanto?» tenho de voltar à imagem do recreio. Onde é que já se viu um miúdo novo na brincadeira a ir logo falar com um dos giros? Não vai, tem vergonha, sente-se intimidado, tem medo de ser enxovalhado. Nos blogues é exactamente a mesma coisa. É preciso não esquecer que até os que insultam o fazem no anonimato. O terror é uma coisa muito bonita. "
Bomba Inteligente

"Não, ao falar sem complexos de fraldas, de flores e de gatos ao mesmo tempo que discorrem sobre política, economia e toda essa tralha a que os homens se costumam limitar, as mulheres não estão a ser mais fúteis ou inconvenientes. Estão só a falar sem complexos do que lhes apetece. Sem o medo da exposição que em regra tolhe o discurso dos meninos, sobretudo daqueles que se vigiam e aos outros à espera que as palavras lhes mordam."
Corta-Fitas (da futilidade das mulheres)

"Embora sem o fôlego e o acabamento literário dos melhores livros de Cardoso Pires, este é um belo texto e o retrato lúcido do que era Portugal no início dos anos 60: um país asfixiante, à mercê das “garras afiadas” do medo que tudo devora. Ou, como se diz a certa altura, um país “em plena Idade Média, com astronautas a voar por cima”."
Bibliotecário de Babel

"Entre diversas evocações, ainda a de Olavo Bilac: "Com o esguio corpo dançando dentro da vasta sobrecasaca inglesa, Eça, nas deliciosas noitadas de conversa íntima, (...) falava quase sempre, porque era um conversador inimitável (...)." O poeta brasileiro acrescentava: "E que conversador! Os seus gestos tinham a expressão das mais cálidas palavras: a mão escorçava, desenhava, coloria no ar o objecto, a pessoa, a paisagem que a frase descrevia. Cenas da morrinhenta vida das aldeias portuguesas, da Palestina, das Canárias, das grandes capitais da Europa iam passando, vivas e palpitantes, pela teia daquele animatógrafo surpreendente."(...)"
Miss Pearls

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