18.1.08

as memórias

hoje não me consigo desligar de um pensamento. persiste. ocupa-me a mente e não quer continuar o seu caminho, ficando sempre...o meu pai, este domingo, celebra o seu último ano dos setentas. é tão estranho ter um dos meus melhores amigos já com esta idade. começo a perdê-lo aos bocadinhos, quando vai reduzindo a rapidez de raciocínio, a memória, outras capacidades que lhe eram particulares. nunca sei quantos anos faz e tenho sempre de fazer as contas, só assim me apercebi de que para o ano passo a ter um pai octagenário, mas também que na minha memória ele terá sempre menos idade. costumam ser os filhos que nunca envelhecem para os pais. mas eu, como vim já tarde e devo ter sido a única coisa que lhe saíu "fora de horas" de tão pontual que é, virou-se-me a coisa ao contrário.
sei que já há muitos anos fuma cachimbo, mas ainda o recordo sempre com cigarro; já só usa roupa mais informal, mas ainda o recordo sempre impecável no seu fato completo e gravata; tem o cabelo quase todo branco, mas ainda o recordo apenas grisalho; passa muito tempo a ver os seus canais preferidos de tv cabo, mas ainda o recordo sempre a pintar nos tempos livres, etc.,etc.,etc. e assim o revejo mesmo quando ao saír com a minha filha ela me diz muitas vezes que o avô já está velhinho pela preocupação que demonstra em estar com ele antes que seja tarde demais...dele poderia dizer muitas coisas, mas talvez se perceba o que sinto ao transcrever um pequeno diálogo que tive com uma querida amiga que já perdeu o seu, infelizmente:
-tu...não te aborrece teres o teu pai mesmo ali ao lado?
-não, nem pensar. ele é autónomo e não se mete.
-mas nunca discordam?
-sim, mas poucas vezes e além disso...se eu pensar com muita força nunca consigo encontrar nada de mal para dizer dele...é isso...
muitos parabéns, pai!

2 comentários:

Ouriço disse...

É aproveitá-lo bem...
Gostei deste post.

esquilo disse...

ainda bem...

:)


bom fim-de-semana!