sete cores: abril 2010

29.4.10

(not) afraid

"Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial."

Virginia Woolf

27.4.10

los dos patitos (22)

lembro-me bem daquele dia.

lembro-me bem do nervoso que senti.

lembro-me bem da ansiedade de te conhecer.

lembro-me bem de te ver pela primeira vez.

lembro-me bem de quão pequenina eras.

lembro-me bem da alegria de te poder pegar ao colo.

lembro-me bem do dia que fui pela primeira vez ao hospital contigo ao colo por teres batido com a testa numa esquina.

lembro-me bem de quando ficaste sem dentinhos.

lembro-me bem da tua franjinha.

lembro-me bem dos teus olhos azuis.

lembro-me bem das tuas birras.

lembro-me bem de brincarmos as duas.

lembro-me bem dos teus abracinhos.

lembro-me bem de muitas coisas...

lembro-me bem de quando foste viver para (tão) longe. e do sofrimento.

lembro-me bem de sentir que não me posso lembrar do que não vivi contigo.

lembro-me bem das palavras que não tivemos oportunidade de dizermos uma à outra.

lembro-me bem do teu rosto gravado no meu coração.

foste o meu primeiro grande amor de menina. obrigada por existires na minha vida.

parabéns minha querida sobrinha!

26.4.10

então parece que para se ser feliz é preciso viajar, ter uns trocos para sapatos e tal...carros novos, gadgets com mil e uma funções (que depois não se utilizam), muitas refeições fora e umas quantas malas de marca, verdade?

mentira. nós, raça mal amanhada é que nem sabemos o que é ser feliz. porque perdemos a noção do empoderamento interior, do contacto com a natureza, das mil e uma pequenas coisas que são as mais importantes. se eu gostava de ter tudo isso e sou mas é uma grande invejosa? nem por isso, viajar mais até que não ia mal...o resto desconfio que não e a inveja é uma coisa realmente feia!

eu contra mim falo. com muito menos do que tinha há pouco tempo atrás e um filho com sérios problemas de saúde luto todos os dias por perceber o que é isso da felicidade mas acho que no fundo e apesar de tudo sou feliz só que às vezes não estou muito consciente da coisa...

assim é mais fácil perceber que a maior fatia do que é ser feliz está em conseguir verdadeiramente ver a magia nos dias comuns, uns atrás dos outros...esse é que é o desafio.

pergunto-me como ser humano quando é que teríamos deixado de o perceber...

23.4.10

hoje

hoje lá longe trocam-se rosas por livros

uma maravilha

que saudades, quem me dera lá estar

feliz st.jordi a todos

in the end only kindness matters

22.4.10

Sec.XIX

Alexandre Cabanel (1823-1889)

leveza

"Minha alma tem o peso da luz"

Clarice Lispector

good old oscar

"Always forgive your enemies, nothing annoys them so much."

Oscar Wilde

20.4.10

os gostos também se discutem

Pinus Pinea

post de uma morte anunciada

era uma vez um pinheiro.

de seu nome manso, vivia em frente à nossa casa...

enorme, frondoso servia muitas vezes de referência a quem cá vinha pela primeira vez.

no Verão dava sombra aos carros, no Inverno dizia como estava o vento. ganhava mais vida ainda na Primavera quando os pardais lá pousavam em bandos a cantar desalmadamente.

de tronco grosso e imponente, não se deixava abraçar. era protegido por ser centenário e sobretudo dava alegria além do sabido oxigénio. fazia parte da nossa vida e dava nome a uma rua.

depois veio um mini tornado e de madrugada vimos a sua copa frondosa ocupar toda a estrada com a raíz principal a ser arrancada pela metade.

ainda houve esperança, vieram jardineiros, vieram técnicos, vieram engenheiros. esperou-se.

sábado passado acordámos com o som (deprimente) de moto-serras...

os meus filhos não se conformam e todos sentimos um aperto no peito ao vê-lo ali aos pedaços onde antes transmitia tanta vida. levem-no depressa que não o queremos continuar a ver cadáver como se lhe tivessem feito uma qualquer autópsia para não descobrir nada.

quando olhamos pela janela há um espaço vazio que não nos deixa apreciar convenientemente o azul do céu...

era uma vez um pinheiro, lindo...que agora vai ser outra coisa qualquer...